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• Colloque international

Malditos nos trópicos

Les Maudits sous les tropiques

22-23 mai 2013,
Université de São Paulo (USP)

Présentation

 

Em matéria de literatura, a parte maldita brasileira ainda resta pouco explorada pela crítica. De Alvares de Azevedo a João do Rio, de Fagundes Varela a Roberto Piva, de Alphonsus de Guimaraens a Hilda Hilst, para citar apenas alguns nomes, não são poucos os escritores que poderiam ser reconhecidos sob a rubrica de “malditos”, dada sua forte identidade literária com o sentido que essa expressão ganhou na França a partir do século XIX. Como se sabe, para além dos poetas elencados por Verlaine em seu famoso artigo de 1883 para a revista Lutèce, a ideia do “escritor maldito” já era corrente na sensibilidade romântica, passando por Alfred de Vigny ou Gérard de Nerval, para culminar na figura de Baudelaire. Além disso, a expressão também serviu a uma série de autores vanguardistas que se proclamaram herdeiros não só dos poetas oitocentistas, mas igualmente de uma galeria de “malditos” avant la lettre, que vai de François Villon ao marquês de Sade.

O colóquio Malditos nos trópicos visa a interrogar as repercussões dessa vasta linhagem na literatura brasileira, do século XIX até a atualidade. Influência significativa em certos casos, já que alguns desses escritores franceses foram efetivamente lidos, traduzidos, e debatidos por artistas e intelectuais locais, ou mesmo por leitores entusiastas de suas obras, ainda que muitas vezes na clandestinidade. Os exemplos são abundantes. Para citar alguns: Baudelaire teve inúmeros seguidores no Brasil, com destaque para Cruz e Sousa; a leitura de Lautréamont repercutiu nas obras de Mário de Andrade e de Murilo Mendes; Antonin Artaud e Jean Genet marcaram presença no teatro brasileiro durante o período da ditadura militar; a ficção de Sade está na base da poesia de Roberto Piva ou de Glauco Mattoso, assim como a de Georges Bataille está para a obra de Hilda Hilst.

Mais que a recepção dessa linhagem no Brasil, porém, o colóquio buscará indagar as ressonâncias entre as duas literaturas. Ou seja, para além da influência direta, interessa reconhecer pontos de contato entre os “malditos” franceses e certos escritores nacionais, em particular aqueles que exploraram manifestações do excesso, do erotismo, do informe e de outros elementos que definem o “baixo materialismo” literário, como é o caso de Mário de Andrade, Flávio de Carvalho ou Raul Bopp.

 

Para tanto, o que se propõe é um diálogo entre pesquisadores europeus e brasileiros, tendo em vista uma reflexão sobre as principais dimensões simbólicas e formais que constituem as chamadas obras “malditas”, seja no interior do corpus já canônico da França, seja na identificação desses mesmos traços na paisagem literária do Brasil. De outro lado, pretende-se dar oportunidade para que se interrogue a existência de um “tropismo tropical” nos escritores franceses. Mais que um eventual exercício de literatura comparada, portanto, o colóquio visa a explorar um paradigma a partir do qual seja possível indagar aspectos da literatura brasileira ainda pouco trabalhados entre nós, assim como abordar o corpus francês sob uma nova perspectiva.


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            Dans le domaine littéraire, la « part maudite » brésilienne reste encore peu explorée par la critique. D’Alvares de Azevedo à João do Rio, de Fagundes Varela à Roberto Piva, d’Alphonsus de Guimaraens à Hilda Hilst, d’Augusto dos Anjos à Valêncio Xavier, pour ne citer que quelques-uns, nombreux sont les écrivains brésiliens qui pourraient être définis comme des « maudits », conformément à la signification éminemment littéraire prise par ce terme dans la France du XIXe siècle. Avant même le fameux article de la revue Lutèce, paru en 1883, où Verlaine établit la liste des « poètes maudits », l’idée d’« écrivain maudit » était déjà courante dans la sensibilité romantique, de Vigny à Nerval. Elle a trouvé son incarnation majeure dans la figure de Baudelaire. L’expression fut reprise par nombre d’auteurs d’avant-garde qui se proclamèrent les héritiers non seulement des poètes du XIXe siècle, mais aussi d’une galerie de « maudits » avant la lettre, qui va de Villon au Marquis de Sade.

 

 

 

            Le colloque Les Maudits sous les Tropiques a pour objet d’étudier l’influence de cette longue lignée sur la littérature brésilienne, du XIXe siècle à nos jours. Influence à proprement parler, dans certains cas, puisque ces écrivains français ont effectivement été lus, traduits et commentés par des artistes et intellectuels brésiliens, voire par des lecteurs passionnés, souvent dans la clandestinité. Les exemples sont multiples. Pour n’en retenir que quelques-uns : Baudelaire fit de nombreux émules au Brésil, comme en témoigne João da Cruz e Sousa ; les œuvres de Mário de Andrade et de Murilo Mendes portent la trace de leur lecture de Lautréamont ; Artaud et Genet ont marqué la création théâtrale pendant la dictature militaire ; l’œuvre de Sade est aux fondements de la poésie de Roberto Piva ou de Glauco Mattoso, de même que celle de Bataille sert de base à la production de Hilda Hilst.

 

            Plutôt qu’à l’étude de la réception de cette lignée au Brésil, le colloque s’attachera à rendre sensibles les résonnances qui existent entre les deux littératures. Ainsi, au-delà de l’influence directe, on s’intéressera aux points de contact qui unissent les « maudits » français à certains écrivains brésiliens et à ce qu’on pourrait appeler « la part maudite brésilienne », à savoir les auteurs qui explorent les manifestations de l’excès, de l’érotisme, de l’informe ou de tout autre expression du « bas matérialisme » littéraire, tels Mário de Andrade, Flávio de Carvalho ou Raul Bopp.

L’enjeu majeur du colloque est de favoriser un débat entre chercheurs français et brésiliens qui permette d’analyser les aspects symboliques et formels caractéristiques des œuvres définies comme « maudites », aussi bien dans le corpus canonique français qu’au travers de leurs manifestations dans la littérature brésilienne. Par ailleurs, il sera l’occasion de s’interroger sur l’existence d’un « tropisme tropical » chez certains des « maudits » français.

            De la sorte, plutôt qu’un éventuel exercice de littérature comparée, le colloque aura pour but d’explorer un paradigme à partir duquel analyser des aspects de la littérature brésilienne encore peu étudiés, mais aussi d’aborder le corpus français avec un regard critique nouveau.

 

 

 

 

 

 

 

 

Participants ***

“MALDITOS NOS TRÓPICOS”

Colóquio Internacional de Literatura

 

Auditório 8 - Prédio das Ciências Sociais - FFLCH – USP

Av. Luciano Gualberto, 315 - Cidade Universitária – São Paulo.

 

DIA 22/05, quarta feira

Recepção aos participantes e convidados (9:30)

Conferência de Abertura (10:00  às 11:00 hrs)

Annie Le Brun (França) -   “Poesia e subversão”

 

Amor e Maldição (Mesa Redonda -11:00 às 12:30) 

Maria Lúcia Dal Farra (Universidade Federal de Sergipe)

“A mulher proibida: Gilka Machado”

Francesca Manzari  (Université d’Aix-Marseille)

“Amor maldito motor da poesia: Provence et modernidade”

Mediação: Eliane Robert Moraes (FFLCH – USP)

 

Baudelairianas (Mesa Redonda - 14:30 às 16:30)

Jean-Paul Manganaro (Université de Lille III)

“Artifícios dos Paraísos” 

Álvaro Faleiros (FFLCH- USP)

“Bendito Baudelaire”

Vagner Camilo (FFLCH- USP)

“Erotismo e política: figurações femininas na transição do romantismo ao realismo poético”

Mediação: Camille Dumoulié (Université de Paris Ouest-Nanterre-La Défense)

DIA 23/05

Marginalidades  (Mesa Redonda - 9:30 às 11:00 hrs)

Ettore Finazzi-Agrò (“Sapienza” Universidade de Roma)

“Qorpo Mal-Dito – A obra de Qorpo-Santo entre testemunho e nonsense

Michel Riaudel (Université de Poitiers, CRLA-Archivos)

“Malditos vs marginais ?”

Mediação: Vagner Camilo (FFLCH – USP)

 

Subversivos (Mesa Redonda -11:00 ás 12:30)

Carlos Augusto Calil (ECA-USP)

 “Aí vem o Febrônio!”

João Camillo Penna (UFRJ)

“O risco do famigerado Sabotage”

Mediação: Álvaro Faleiros (FFLCH – USP)

 

Visões dos Trópicos (Mesa Redonda - 14:30 às 16:00 hrs )

Camille Marc Dumoulié (Université de Paris Ouest-Nanterre-La Défense)

"O tropismo tropical dos malditos franceses."

Eliane Robert Moraes (FFLCH- USP)

“Francesas nos trópicos: a prostituta segundo o modernismo brasileiro”

 

Conferência de Encerramento (16:00 às 17:00 hrs)

João Adolfo Hansen (FFLCH- USP)

“Norma e obscenidade em Gregório de Matos, Hilda Hilst e Glauco Mattoso”

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Programme  COLLOQUE CO-ORGANISÉ PAR LE CENTRE DE RECHERCHES EN LITTÉRATURE COMPARÉES DE PARIS OUEST ET L'UNIVERSITÉ DE SÃO PAULO (USP)

Organisation et contact : Camille Dumoulié, Eliane Robert Moraes (camille.dumoulie@free.fr, elianermoraes@uol.com.br)


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Littérature et Poétique comparées – Université Paris Nanterre – UFR PHILLIA, bât. L – 200, avenue de la République – 92001 Nanterre Cedex